Era domingo, 26 de dezembro de 2004, ainda se vivia as comemorações natalinas. Eram cinco para as oito da manhã. Sudeste da Ásia, banhado pelo Oceano Índico, era o começo de mais um dia ensolarado.
Os banhistas estranham um mar estranho. O Índico parecia secar. Mas a água voltou com tudo. Era o início da tragédia, um Tsunami.
Uma década depois o que podemos olhar, e com um olhar de que antes o tsunami não era passageiro, dar para tirar uma lição preciosa de uma tragédia sem precedentes. Uma das regiões mais afetadas pelas ondas gigantes, Banda Aceh, na Indonésia, passou por uma reconstrução tanto política como social. Segundo o Banco Mundial, dos 286 mil mortos pelo tsunami, em 14 países atingidos, 221 foram na Província de Aceh. Desses 60 mil só na cidade de Banda Aceh.
Mergulhada numa guerra civil que buscava independência da Indonésia, esta região selvagem, inóspita, com dezenas de praias desertas e muitas belezas naturais, vivia isolada do mundo.
E olhar para tudo agora reconstruído, traz uma mensagem muito forte de que, de certa maneira,
Banda Aceh depois do tsunami se transformou numa cidade melhor.
O Brasil é assim. Um lugar
lindo, tropical, cheio de encantos mil, um berço esplêndido. Mas precisa ser
invadido por um TSUNAMI PURIFICADOR. Vá lá que alguém diga que estou maluco,
mas não estou.
Vivemos uma corrupção
endêmica, os ímpios, os corruptos prosperam à custa do dinheiro público e esse
maléfico tráfico tem nos tirados a saúde, a educação, a segurança, e vivemos numa
Sodoma e Gomorra Moderna, em que os valores não são mais tidos como algo que
deve ser intrínseco dos homens de bem.
Honestidade no meu país virou
artigo de luxo e também a pecha de idiota. Não fazemos uma guerra civil, mas de
tráfico de influência, formação de quadrilha, que envolve desde políticos,
polícias (justiça) e toda uma horda de uma sociedade podre que ostentam com o dinheiro
que devia ser investido para as soluções e os entraves, que tem nos deixado na
rabeira do desenvolvimento humano.
Somos sortudos, porque somos
banhados pelo Oceano Atlântico. Ele é sempre calmo e cordial com os
brasileiros, mas se virássemos o mundo ao avesso eu desejaria que a força do
índico arrastasse essa sujeira que existe nesse país, e que por força da
impunidade, tem desviado tudo aquilo que nos colocaria no topo do mundo e
criaria uma pirâmide social mais justa e igualitária.
Morro de medo da força e da
fúria da natureza. Mas medo mesmo tenho, dessa cambada de ladrão que alugou o
Brasil para servir de restaurante particular para uma minoria ostentar.
Pensão vitalícia para os filhos e esposa dos
políticos pode. Eu não posso ter nem dois empregos para complementar uma renda
que não chega nem a dois salários mínimos. É lei. É controverso.
Banda Aceh, foi reconstruída
pela coragem e força das organizações humanitárias. Vive hoje as lembranças e
os traumas daquele surto marítimo do deslocamento de placas tectônicas que se
chocaram num movimento vertical. Mais mudou a forma de viver, de conviver e de
respeitar toda uma sociedade que ainda que voltada para o encontro com o
islamismo, vive o resquício positivo de um desastre natural.
Problemas ainda existem,
esses nunca cessarão porque é o homem quem está no controle na terra, mas como
afirmou um morador “é horrível dizer que
o tsunami foi uma benção disfarçada, mas provavelmente esse foi o caso”.
O que podemos tirar de
conclusões quando nos sentimos assaltados, acorrentados, vitimados pela
mediocridade de uma país que não respeita sua gente. Petrolão, mensalão, e
tantos outros assaltos ao erário público, nos convida a essa reflexão nefasta.
Justiça???
Os políticos sempre legislam
em causa própria. A quem então recorrer? A um tsunami?
Nós podemos criar um tsunami.
Não daquele surgido das profundezas do Índico, mas um tsunami humano, forjado e
formado pela força e a correnteza de pessoas justas, corajosas, íntegras, para
varrer da nossa sociedade os ímpios e os corruptos. Seria limpar a sujeira das
instituições públicas, que tem deixado o pobre mais pobre e o rico mais rico. Só
o voto não pode respaldar e creditar aos representantes da nossa “democracia
republicana” poderes para assaltar a nação e sair ileso.
Agora se você prefere apenas
comentar e curtir os desmandos deste país, rico por natureza, eles continuarão transformando-o no seu tsunami bancário.
Um Feliz Ano Novo.
Crônica de Everaldo Paixão
Fonte: globo.com/fantástico
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